(imagem cedida por Ernesto Brochado)
A mítica e desertificada linha de comboio que ladeia o Rio Tua, quando seguíamos em direcção a Linhares de Ansiães.
XVIII - Douro em fundo, ofuscado por uma luz dura. O registo é feito já do lado sul, imediatamente após o Cachão da Valeira, antigo desfiladeiro onde o Douro era mais temido, antes de ser domesticado pela Barragem da Valeira. Nesta descida convém precaver o aquecimento dos travões.
XIX - Palanque em Castelo Branco. Durante a primeira etapa chegámos a ter 40 minutos de atraso para a nossa hora ideal. Recuperámos à tarde, imprimindo um ritmo mais forte a partir de Marialva, com passagem depois por Pinhel, Castelo Mendo, Malhada Sorda, Sabugal, Sortelha e Fundão. Quando chegámos a Castelo Branco tínhamos cerca de cinco minutos de avanço e inaugurámos o palanque com orgulho, como primeira equipa a controlar, em 403 que começaram a sair de Boticas 11 horas e 30 minutos antes.
XX - Saída madrugadora em Castelo Branco para a 2ª etapa, com uma extensão de 508 quilómetros. O relógio no palanque indica 6h27. Esta derradeira etapa antevia-se bem mais desgastante do que a primeira, pois tradicionalmente as dificuldades aumentam à medida que o final se aproxima. Não só porque o cansaço é maior, mas também porque a temperatura a sul é mais elevada e os troços de terra utilizados são, normalmente, mais extensos.
XXI - Registo em movimento da passagem às Portas de Ródão, com o Tejo a mostrar-se aos participantes ainda ensonados. Viajar com esta luz matinal é inspirador.
XXII - Um olhar incrédulo mas sereno de um alentejano na aldeia de Póvoas e Meadas.
XXIII - Flor da Rosa. Esta pousada é um tesouro que vale um fim-de-semana. Do ponto de vista arquitectónico é a mais bela das Pousadas de Portugal que conheço. Foi Castelo, Convento e Paço Ducal em três épocas diferentes. Agora é Pousada. Reservem uma das suites superiores e deliciem-se. Nesta passagem fugaz pela Pousada, a Heinkel teve direito a atenção especial, pois foi objecto do reaperto da suspensão dianteira.
XXIV - Uma das várias linhas de caminho de ferro alentejanas desertificadas. Esta é a antiga estação de Fronteira. O ritmo desta segunda etapa não nos deu margem para grandes paragens, o que é pena, pois entre o Crato, Alter do Chão e Fronteira, o fotógrafo reclamava um ritmo mais lento.
XXV - Rui Tavares, com a polémica barragem do Alqueva em fundo, o maior lago artificial da Europa.
XXVI Aldeia da Luz, a mais recente aldeia portuguesa. É um transplante imperfeito da antiga, compensando os residentes com estruturas integralmente novas, numa cota mais elevada, e a cerca de dois quilómetros do local original. Almoçámos aqui uma refrescante salada fria, excelente opção da organização, em detrimento das pesadas refeições de tacho habituais nestes eventos.
XXVI - Vindos da Amareleja e da sua impressionante instalação de painéis solares, e com paragem ainda em Mourão, o destino seguinte seria Serpa, onde fotografámos este belo aqueduto, com uma nora lindíssima ao fundo. Infelizmente não é muito visível daqui. A seguir entraríamos no Parque Natural do Vale do Guadiana.
XXVII Ao fundo, por entre a fenda escavada, o Guadiana fica tão estreito que um lobo em caça pode cruzá-lo pelo ar. É o icónico Pulo do Lobo. O controlo estava montado cá em cima, não foi possível descer. Mesmo assim, para chegar e sair daqui, foram cerca de 11 quilómetros em terra, pedra e uma ribeira (Ribeira de Limas) quase seca.
XXVIII - À saída de Mértola, já praticamente sem travão traseiro na Heinkel, o que viria a trazer-nos dissabores mais à frente.
XXIX - Fuga de gasolina, prontamente resolvida na Heinkel pela perícia e conhecimento do Rui Tavares. Conhece a scooter como a palma das suas mãos, resolveu todos os pequenos problemas com que nos fomos deparando com uma destreza, descontracção e boa disposição que me fazia sentir totalmente inútil ;). Só passava ferramenta :). Reparem na Escola Primária do Estado Novo que, a julgar pela densidade habitacional circundante, muito poucos alunos deve ter.
XXX - Ribeira do Vascão. Estava seca na zona de passagem a vau, o que obrigou a organização a improvisar, montando um controlo alfandegário em plena ribeira. Aqui, para controlar, só refrescando as canelas e de botas calçadas. Com o calor que estava até me soube bem.
XXXI Ainda na Ribeira do Vascão, a Helix no meio do cascalho, de muitas malas de alumínio e de uma também já clássica Casal 125cc.
XXXII - Neste Lés-a-Lés fizemos uso dos intercomunicadores, o que constituiu uma preciosa ajuda na condução e navegação. Numa altura em que os problemas de travões se agudizavam, avisei com antecedência o Rui da presença de um cruzamento bem assinalado no road-book mas com pouca visibilidade. Todavia, o aviso foi insuficiente para fazer parar a Tourist mantendo as rodas no solo, pelo que o resultado foi o que podem ver na foto. Com um espantoso espírito de equipa e uma boa disposição contagiante, o Rui decidiu continuar de imediato, sem sequer se lamentar da alteração aerodinâmica forçada. Grande Rui!
XXXIII - Chegada a Olhão, depois de uma parte final de etapa perfeitamente demolidora para as nossas máquinas. Com alguns espinhos e contratempos, mas quase dentro da hora, chegámos com cerca de 20 minutos de atraso em relação à hora ideal, cumprindo todo o percurso o que, para motos teoricamente inadequadas como estas, foi para nós motivo de justificada satisfação.
XXXIV - Assistência pós-chegada numa SIS Sachs que completou a prova até Olhão. Belo espírito!
XXXV - Parece o Bol D´Or ! Depois da chegada foi finalmente altura de tentar resolver o problema no travão traseiro na Heinkel. A intervenção mecânica foi feita pelo próprio Rui, que não teve pejo em desnudar a Tourist 103 A1 para lhe cuidar das mazelas. O pó da Serra do Caldeirão ficou por lá pelo menos até chegar ao Porto, por estrada claro.
Inicia-se agora uma longa espera até ao anúncio do local de partida e chegada do Portugal de Lés a Lés 2010. Para o ano conto estar no palanque, algures no Norte de Portugal, com o mesmo espírito.