É uma decisão difícil de explicar: vendi a Granturismo. É estranho. Não pensei demasiado, nem se trata de uma decisão muito racionalizada. Talvez até seja o oposto. O que, numa análise lógica, conduziria a uma motivação mais impulsiva.
A verdade é que nunca uma scooter (ou mesmo moto) me serviu tão bem, nunca nenhuma se ajustou a mim como esta. Como um fato feito em alfaiate. Lembro-me da alegria que senti no dia em que a trouxe de Matosinhos para casa. Senti uma imediata empatia por ela. Quem entende esta linguagem, sabe do que estou a falar: ao contrário de outras máquinas que já passaram por aqui, nunca tratei a Granturismo como um mero objecto. Como apenas um veículo capaz de me levar do ponto A ao ponto B. Confiei cegamente nela para me levar a destinos como Bragança, Sagres, Guimarães ou Covilhã. Para além da fiabilidade blindada, tinha o ritmo, o porte e a performance certa para mim, nos quase quatro anos em que habitou a minha garagem. Além de que me permitia deslocar-me orgulhoso, numa scooter bonita e graciosa, algo a eu não estava propriamente habituado.
Não deixa, por isso, de me parecer algo cruel vendê-la. Mesmo a alguém que conheço há quase trinta anos, e que agora se inicia no mundo Vespa. Sim, talvez esse facto tenha pesado na minha decisão. Mas não foi fundamental. E ainda não me arrependi. Mesmo assim, permanece difícil de explicar.